David Hale Hand, o filho do co-diretor da clássica animação de A Branca de Neve e Os 7 Anões (1937), compartilhou abertamente sua insatisfação em relação ao remake em live-action do filme, produzido pela Disney e com lançamento agendado para março de 2024. Para David, as drásticas mudanças entre ambas as produções, como a ausência dos 7 anões nessa nova versão, é um completo desrespeito a obra original.
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Durante entrevista concedida ao The Telegraph, Hand, de 91 anos, descreveu o filme como “muito woke“. Mais do que isso, ele também cita que seu pai jamais aprovaria nenhuma das modificações apresentadas no remake, e estariam ele e Walt Disney revirando-se no caixão caso viessem a ficar cientes dessas.
“Quero dizer, é um conceito totalmente diferente, e eu discordo totalmente dele, e sei que meu pai e Walt [Disney] também discordariam muito dele”, explicou. “Não há respeito pelo que a Disney fez e pelo que meu pai fez… Acho que Walt e ele estariam se revirando em seus túmulos. Tenho medo do que eles farão com os primeiros filmes… [os pensamentos da empresa] são tão radicais agora. Eles mudam as histórias, mudam os processos de pensamento dos personagens, elas simplesmente não são mais as histórias originais. Eles estão inventando novas coisas ‘woke’ e eu simplesmente não gosto de nada disso… [Disney] não deveria pegar um clássico e reescrevê-lo. Escolha outra coisa… crie novos personagens, se você for fazer isso, mas não destrua ou tente destruir algo que é, que é um clássico e é uma obra linda.”, finalizou.
Hand está se referindo a principalmente dois fatores quando critica as modificações da versão contemporânea de A Branca de Neve. O primeiro, aparentemente o mais importante, é a substituição dos clássicos 7 anões por 7 criaturas mágicas. A Disney optou por essa nova abordagem após o ator Peter Dinklage (Game of Thrones) criticar o modo como pessoas portadoras de nanismo são representadas nos filmes. Segundo Peter, o fato de os 7 Anões viverem juntos em uma caverna tornaria a história retrógrada e estereotipada. Após sua declaração, a Disney anunciou em entrevista ao THR que removeria os sete anões em razão de “evitar reforçar estereótipos”.
O segundo fator principal é referente a um dos corações da narrativa da animação. Acontece que a frase “existe alguém mais bela do que eu”, proferida pela rainha má ante ao espelho, será reescrita no live-action com o objetivo de evitar propagar a rivalidade feminina. No lugar, será imposto o dizer “mais justa de todas”, ou algo próximo a isso em tradução livre.
Rachel Zegler, que vive a Branca de Neve no remake live-action, justificou todas essas mudanças alegando ser totalmente necessário e essencial trazer uma perspectiva contemporânea à história e à personagem.
“A realidade é que o desenho animado foi feito há 85 anos e, portanto, é extremamente antiquado quando se trata de ideias de mulheres em papéis de poder e para o que uma mulher serve no mundo. Assim, quando começamos a reimaginar o papel real de Branca de Neve, tornou-se o ‘mais justa de todos’, o que significa quem é a mais justa e quem pode se tornar uma líder fantástica“, explicou Rachel.
Já a atriz Gal Gadot, intérprete da Rainha Má no filme, afirmou que esta não é uma história onde a princesa será resgatada por um príncipe corajoso.
“Ela [Branca de Neve] não vai ser salva pelo príncipe e ela é a proativa, e é ela quem estabelece os termos, é o que torna isso tão relevante para onde estamos hoje. Ela não vai sonhar com o amor verdadeiro”, declarou a atriz de Mulher-Maravilha.
A Branca de Neve estreia em março de 2024. No elenco estão Rachel Zegler e Gal Gadot como a Branca de Neve e a Rainha Má, respectivamente.